segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Quadro pós-eleitoral: Luiz Inácio pariu um monstro

As teses apocalípticas estão perigosamente equivocadas quanto ao método, conquanto razoáveis no mérito.
Por Leonardo Faccioni


Neste 31 de outubro de 2010, dia das bruxas e véspera de Todos os Santos, Dilma Rousseff venceu a eleição para a Presidência da República Federativa do Brasil. O passado e o pensamento (ou não-pensamento, difícil classificar) desta personagem inventada por Luiz Inácio “Lula” da Silva dispensam apresentações ao público que visita este espaço. É uma mulher de mente perturbada, feito patente de sua gramática caótica e agressividade obsessiva.

É preciso, contudo, desmitificar os dias vindouros. Quem espera um governo imediata e abertamente totalitário interferindo com violência no cotidiano nacional está no século errado. Não se faz mais terror com tanques, mas com ciência e método – um processo ainda incompreensível aos formadores de opinião, que não leram seus teóricos fundamentais alojados entre o pensamento da Escola de Frankfurt e o do pioneiro italiano Antonio Gramsci.

Imaginar tropas nas ruas e fechamento do Congresso é uma tolice que em breve será desmoralizada. Sequer haverá mudanças constitucionais substantivas, porque o Brasil ainda é mais institucionalizado do que Bolívia, Venezuela e Equador. Por que se desgastar quando a nomeação dos legisladores e dos intérpretes dos textos fundamentais está nas próprias mãos e o emaranhado trabalhista e tributário fazem de todos réus face à Receita Federal e à discricionariedade do Ministéiro Público?

Mais eficientes ainda são os militantes nas cátedras e redações. O recurso ao clássico e dissimuladíssimo assassinato político por uma bala na cabeça durante a noite escura, qual feito com Celso Daniel, não passa de uma eventualidade. Há dois mil anos se sabe que o sangue é semente de mártires. O poder joga, hoje, com o assassinato moral, a desmoralização do adversário pelo silêncio ensurdecedor do contraditório indesejado e sua substituição pelas discussões internas d’O Partido. O debate que conta passa a ser o da esquerda contra a esquerda, em círculos seguidamente mais restritos.

As boas intenções com as quais se sufocará a liberdade - explorando paulatinamente as divisões internas nas quais o Estado não parecerá intervir e recorrendo a movimentos supostamente espontâneos da sociedade - serão dignas de um Nobel da Paz. Nada se dará de forma escancarada, como se guerrilheiros descessem de Sierra Maestra e dominassem o palácio do governo. Aquela foi a pré-história da política contemporânea.

Tomemos alguns objetos para estudo: não tenho dúvidas de que haverá grande pressão sobre a Igreja Católica após os acontecimentos desta campanha. O PT foi acuado onde menos esperava e está sedento por vingança. Mas a disputa será movimentada desde o próprio clero, pelos tentáculos que há quarenta anos vieram plantados por movimentos socialistas ancestrais do Partido-Estado. Através da divisão exigir-se-ão cabeças de bispos em bandejas e presenciaremos interferência pesada sobre os setores rebeldes da CNBB. Teremos a institucionalização de uma Igreja Católica Apostólica Brasileira, na qual o Papa virá ouvido, mas não escutado. Esta Igreja não terá estatutos, não será anunciado o cisma e a notícia sequer chegará ao Vaticano, menos ainda aos fiéis, mas, na prática, a barca de Pedro estará partida.

No quesito liberdade de expressão e informação, o valor de mercado da Rede Record tende a aumentar e seu modelo será seguido por outras. Projetos de controle da imprensa em nome dos "direitos humanos" retomam fôlego e o patrocínio estatal de focos de guerrilha na comunicação (atentem a expressões simpáticas como “mídia comunitária”) será intensificado. A verdade seguirá perdendo espaço para a guerra de versões e a noção de fato sumirá dos cursos de doutrinação em jornalismo, cuja obrigatoriedade tende a ser restabelecida.

Quanto à diplomacia, neste momento regozijam-se ditadores de todo o mundo: o maior país do hemisfério sul continuará servindo como corredor livre ao tráfico das drogas produzidas na Colômbia e na Bolívia e albergando as bases de operação do único cartel internacional sobrevivente, ora monopolista e jamais mencionado em produções hollywoodianas: as FARC.

Em matéria interna, a consolidação do neocoronelismo sobre regiões inteiras do Brasil parece-me o fator determinante. Clãs familiares como o dos Sarney, que decaíram com a institucionalização promovida durante o governo do social-democrata Fernando Henrique Cardoso, agora possuirão meios materiais praticamente inesgotáveis de dominação sobre a população eleitora. Basta que se mantenham úteis ao projeto petista, sob quem não há poder compartilhado, mas gerência subordinada.

No mais político dos aspectos, saímo-nos como um país carregado de ódio e de incompreensão quanto aos princípios da convivência democrática e da administração pública - incompreensão esta alimentada pelo atual presidente e futuro Condestável do Reino, o Sr. Luiz Inácio I. É curioso que os maiores gastos em publicidade oficial da história republicana sejam empreendidos por um governo que abalou fortemente a noção de nacionalidade brasileira.

A fins práticos, os cinquenta mil homicídios anuais prometem aumentar. Não é profecia, mas tendência estatística. A caminhada da esquerda para a esquerda, seja ela mais lenta ou mais célere, é sempre a estrada para a barbárie. Caracas não se fez cidade mais violenta das Américas por acaso. Sob tais condições, cada vida humana torna-se ainda menos relevante.

A oposição venceu em estados importantes, mas a incapacidade de superar uma candidatura tão precária quanto a de Rousseff, incapacidade devida inteiramente à cobardia que acompanhou a minoria legislativa durante todo o governo Luiz Inácio, informa que uma oposição institucional não é o caminho.

Está na hora de partirmos para a oposição civil organizada, que precisa começar JÁ. Oposição nos moldes do Tea Party americano e do Hazte Oir espanhol. Confiram o exemplo clicando aqui e assistindo ao vídeo. Seria o caso de montar piquetes como aquele em frente à casa da presidente eleita. Seria o caso de chamar milhares de cristãos à posse desta soberba ladra e abortista e bradar – com toda a razão que nos confere a verdade – “Assassina!” a cada volta da comitiva presidencial.

O quadro pós-eleitoral que se desenha é difícil, mas o Partido dos Tiranos não conquistou todo o poder que desejava. Tentará comprá-lo, e não lhe faltarão recursos para tanto. Nossa consciência é uma arma com a qual o Novo Regime não conta. Passemos a usá-la, AGORA.

Que Deus tenha piedade de nós.

Christe, eleison!

Kyrie, eleison!


DAQUI

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