terça-feira, 30 de novembro de 2010

Cócegas e beliscões

Novembro 30, 2010
por Max Rodrigues, das Reflexões Masculinas

Boom! Boom! Pá! Pá! Pow! Pow! Tiroteio no Rio de Janeiro. Guerra no Rio de Janeiro. A guerra no Rio de Janeiro anima as minhas tardes.

Durante a semana fico em casa. Leio um livro, uma revista. Volto para o computador e faço o quê? Leio mais. Leio no Msn. Leio no Orkut. Leio artigos de colunistas em jornais eletrônicos. Leio um trecho ou outro de algum livro em pdf. Uma hora isso se torna enfadonho. Tenho jogos no computador – são enfadonhos também. Ah, nem todos, por enquanto. Instalei Age of Mythology e voltei a apreciar jogos. Já joguei duas vezes desde que instalei – instalei hoje 26 de novembro de 2010 –. Já li muito. Já joguei muito. E agora? Assisto a algum seriado. A minha preferência é por seriados de comédia. A minha lista de seriados favoritos é esta: Weeds; The Office; Two and a Half Men; Mike and Molly, Shit! My Dad Says; The Defenders; OZ; Família Soprano; Dexter; Dr. House. Esses são os que eu ainda assisto. Mas tem outro muito bom também: My Name is Earl. Eles ajudam a passar o meu fastioso dia. Entretanto, uma hora cansa! E agora? Agora fumo. Fumo um cigarro. Fumo dois. E agora? Agora Rio de Janeiro.

Pode parecer insensibilidade. Humor negro. Não é. Até mesmo um senhor que mora no Rio de Janeiro há 62 anos não se espanta com a guerra no Rio. Nas palavras dele: “não vou dizer uma guerra... Uma guerrilha urbana... De leve”. Viu? Não é nada de mais. Para quê o pânico, minha gente? Vamos pegar nossa pipoca e acompanhar ao vivo através do Globo News as conseqüências de um país governado pela esquerda. Acompanhar a morte dos eleitores de Dilma Rousseff no estado onde Dilma Rousseff teve mais votos que José Serra. Num país onde “fronteiras” rima com “peneiras”. E por falar em Dilma. Onde estão as mulheres no combate aos traficantes? Hei! Quem as está oprimindo? Não façam isso. Lembrem do programa eleitoral de Dilma: agora é a vez da mulher. Vamos lá, mulheres, eu confio em vocês. Confio que vocês podem subir morro, trocar tiro com traficantes – e ainda de salto alto. Ah, esqueci: guerra é coisa de homem. Homem é mal! Ah, mas se o homem é mal, a mulher é bem. Então, para enfrentar as forças do mal, os traficantes, somente as forças do bem: mulheres. Está mais que na hora de as feministas fazerem uma passeata exigindo que as mulheres subam os morros, sobrevoem os morros trocando tiros com os traficantes, assassinando traficantes. Ah, quer saber? Melhor não. Vai que deixam as policiais mulheres subirem o morro e uma delas morre. O que vão dizer? Vão dizer que foi crime contra a mulher. Que foi machismo. E mais. Também não deixem nenhum policial que, por acaso, saibam que é homossexual. Não é bom desviar a seriedade que é uma guerra para um delírio totalitário – se um policial gay morrer vão dizer que foi homofobia, que foi crime de ódio, que se um policial heterossexual pode viver, um homossexual também pode. Deixem somente os policiais homens e heterossexuais. De preferência brancos, pois vai que um negro morre – vão dizer que foi racismo. Melhor ainda: policial homem, heterossexual, branco e religioso. Policial ateu não pode morrer. A polícia é do estado... E o Estado é laico.

Boom! Boom! Pá! Pá! Pow! Pow! Enquanto escrevo, tiros rolam. Bombas explodem. Chamem os bombeiros para apagar o fogo. Não, não é o fogo das funkeiras cariocas que exibem seus corpos seminus e vivem disso, recebem a alcunha de frutas e não reclamam, e que depois as feministas dizem que isso demonstra que a mulher é tratada como objeto sexual. Chamem os bombeiros para apagar o fogo dos carros e ônibus que foram incendiados pelas vítimas da sociedade capitalista – os criminosos – como diriam os bons esquerdistas. Bons esquerdistas, não esquerdistas bons – isso é impossível.

Ah, quer saber? Escrever já se tornou enfadonho. Escrevi e escrevi. Fiz questão de repetir diversas vezes a mesma palavra. Isso cansa a mim. Cansa o leitor. Mas fazer o quê? Só essas coisas cansam. Corrupção não cansa. 50 mil homicídios por ano não cansam – só nos compadecemos pela suposta morte de Eliza Samúdio, a morte de Eloá Pimentel e pelo crime do casal Nardoni.

Antes que me esqueça: a polícia não pode matar inocentes... Só as mulheres grávidas!

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