segunda-feira, 19 de novembro de 2007

A Polícia do Pensamento chegou!

Começa a dar as caras no Brasil um dos maiores instrumentos de blindagem e coerção político-ideológica do continente.

Os Círculos Bolivarianos são organizações civis, amorfas e extra-oficiais, estimuladas a surgir na Venezuela por iniciativa de Hugo Chávez.

Nos moldes dos Comitês de Defesa da Revolução (CDR) cubanos, é um recurso repetidamente utilizado na História, tal como os Soviets trotskystas, para, em autogestão, controlar um território e principalmente, servir de instrumento para policiar as atividades ideológicas sem caracterizar abertamente uma perseguição oficial do regime.

No caso latinoamericano, torna-se uma polícia do pensamento invisível, sem registro nem organização central, que vigia e delata atitudes suspeitas, ou seja, contrárias (de fato ou supostamente) ao regime.

Calcula-se que, na Venezuela, os Círculos Bolivarianos cheguem a um número de 190 mil. Com uma média de sete pessoas em cada um, representam um exército de 1,3 milhão de pessoas dispostas a bajular, delatar e seguir as ordens de Chávez, inclusive a matar, como na manifestação dos estudantes no dia 07 de Novembro de 2007.

Irá se realizar no Rio de Janeiro, dias 8 e 9 de Dezembro, a primeira Assembléia Bolivariana Nacional.

Sabendo do fato, analisemos então uma notícia sobre o encontro escolhida aleatoriamente e o site oficial dos chavistas.


A notícia será essa
http://odia.terra.com.br/mundo/htm/um_rio_bolivarianista_135276.asp
extremamente simpática com o movimento, diga-se de passagem.

Comecemos pelas referências. Simón Bolívar deve se revirar no túmulo cada vez que ouve falar da tal "Revolução Bolivariana". Mas o fato dele ter sido um republicano com idéias muito diferentes das de Chávez não atrapalha os criadores de mitos.

Agora vem a parte interessante e ilustrativa da mentira e da manipulação esquerdista.

Segundo Aurélio Fernandes, o fundador da excrescência chamada "Círculo Leonel Brizola", “não temos pretensão de sair daqui com um movimento organizado".

Então fui me afundar no esgoto
http://assembleiabolivariananacional2007.blogspot.com/
para olhar o que eles têm a dizer aos companheiros e vejam só que coisa:
"O “Movimento” é uma organização política de novo tipo que se define como bolivariana, guevarista e brizolista e que fundamenta na teoria marxista sua visão crítica e revolucionaria da sociedade e contra o capitalismo (...)"

Ou seja, além de o tal movimento já estar organizado, é um movimento político comunista.

Sem falar na ridícula denominação "bolivariano, guevarista e brizolista". Hahahahahahahahaha! (Desculpem-me, não agüentei).

Ainda segundo a reportagem, "(...) a assembléia estará muito mais para uma troca de idéias do que para uma reunião revolucionária, por mais que Che Guevara esteja presente em camisetas, no nome de um círculo e em pôsteres da Casa Bolivariana (...)".

E, quando olhamos o documento interno, nos deparamos com isso:
"Lutamos por uma sociedade socialista que prepare as condições para uma sociedade sem classes e sem estado: a sociedade comunista".

E para completar a dissimulação vem Ricardo Quiroga com mais uma aberração: "Queremos união dos povos e não dos mercados”.

Mal sabe o indivíduo que "mercado" nada mais é que relações entre pessoas. Mas eles agem em nome de um ente abstrato chamado "Povo", que é representado pelo "Partido", evidentemente.
Diz ainda a tendenciosa reportagem que o Círculo dele "presta solidariedade a Cuba". A Cuba uma ova! A Castro, ao regime, não a Cuba!

Mas sabemos que a manipulação, a dissimulação e a mentira são os pontos-fortes dessa laia:
"O “Movimento” deverá utilizar todos os meios de comunicação possíveis, como programas de rádio, folhetos, filmes, vídeos, etc. para divul­gar suas idéias e lutas."

Ideologicamente afinados com o Foro de São Paulo, seu lema é "Pátria, Socialismo ou Morte! Venceremos!"

Quer mais? Tem muito mais de onde saiu isso, as questões são muitas, deixo aqui a recomendação para que cada um leia
http://assembleiabolivariananacional2007.blogspot.com/
e tire suas conclusões. Não comentarei sobre a imagem do cabeçalho do blog (um recurso gratuito disponibilizado por uma malvada empresa capitalista) do "movimento", uma montagem tosquíssima de Bolívar, Che e Brizola(!!!).

Hahahahahahahahaha! (Desculpem-me, não agüentei de novo).


PS: Apesar das risadas é bom tomar cuidado com essa gente.

sexta-feira, 16 de novembro de 2007

No te calles!

A intenção primordial desse blog é comentar as bizarrices, o non-sense, o ridículo que vem à tona quando o viés esquerdista, em qualquer âmbito de governo, é revelado. Só que as fontes de caricatices são fartas atualmente e a nós resta olharmos espantados o show de horrores promovido pelos mentecaptos que, como sempre, são maioria pulsante, unânime. É muita palhaçada acontecendo para meu pouco tempo de postagem. Reconheço minhas limitações e espero que o leitor compreenda que, para abranger toda a tosquice, precisaríamos de uma equipe de articulistas.

Há muito já perdi as esperanças de ver "efte paíf" às voltas com o desenvolvimento, com a liberdade, flertando com o primeiro mundo, guiando-se por exemplos de sucesso. Se tudo começasse a ser feito da maneira correta, precisaríamos esperar algumas décadas para desfrutarmos dos resultados. E, como não preciso insistir, de certas as coisas estão longe.

Às vezes penso que só mesmo um grande trauma histórico, algo como uma experiência socialista (o qual estamos próximos, se não já dentro), uma guerra, fome, gulags, coisas assim, para o brasileiro deixar de lado essas idéias estatólatras e coletivistas que sempre dominaram a mentalidade geral. Vá ao Leste Europeu e pergunte se alguém quer de volta o governo comunista...

O povo brasileiro nunca passou por isso claramente, abertamente, apesar de vivermos uma guerra velada, com cerca de 50.000 mortos por ano. Mas o inimigo, neste caso, não usa uniformes e não prega uma ideologia conscientemente, vomita apenas a verborragia do status quo esquerdista, tal como "justiça social", "igualdade", "opressão", etc. Mas em suma é banditismo puro e simples, gerado pelo emaranhado de leis, brechas e impunidade de uma Justiça morosa e ineficiente em voga justamente pelas mesmas idéias esquerdistas que criminalizam as verdadeiras vítimas e protejem os criminosos como sendo estes "vítimas da sociedade".

Por isso, ao presenciar, exultante, o "cala a boca, Chávez" que o Rei da Espanha proferiu em boa hora ao ditadorzinho cria de Lula e do Foro de São Paulo - para em seguida seu comparsa brasileiro sair em sua defesa, louvando a tal "democracia" chavista - penso que nem Cháves nem Lula devem se calar. Eles têm mais é que sair falando o que vier à cabeça. Quero mais discursos improvisados de Lula, tem coisa mais cretina e vergonhosa?

Considerando que não há maior lugar-comum um esquerdista usar o termo "fascista" como xingamento a ser usado contra qualquer um que seja contra seus ideais coletivistas e totalitários (eu mesmo já fui chamado assim), chamar um democrata espanhol de fascista é o mesmo de chamar um alemão de nazista (todos regimes coletivistas, como o socialismo). O Rei Juan Carlos foi justamente o homem que realizou a transição pacífica de um fascismo franquista para a condição democrática que hoje a Espanha se encontra.

Também não há registro do Rei ter reprimido uma manifestação pacífica e matado 21 estudantes. Nem de ter fechado emissoras de TV e jornais discordantes. Nem de haver desrespeitado o direito à propriedade, nem as liberdades individuais de seu povo.

Fascista é Cháves, esse sim é um ditador nojento, um cretino que irá se perpetuar no poder e levar ainda muito mais pobreza, escassez e privação ao já amedrontado povo venezuelano.

Deixar a esquerda falar é delicioso, faz com que, ao menos moralmente, eles cavem sua própria cova.

domingo, 4 de novembro de 2007

Mais senil do que nunca...

O Tributo

O recado na secretária eletrônica não era exatamente claro. Uma voz feminina só dizia que era para comparecer “com uma certa urgência” no Departamento Federal de Finanças, no centro da cidade, para tratar de um assunto “do meu interesse”. Retornei a ligação:
– Boa tarde, eu sou Fulano de Tal e recebi uma ligação de vocês. Se for possível, gostaria de saber do que se trata...
– Olha, Fulano. – Respondeu a atendente. – Só chegou um comunicado aqui e eu estou repassando para o senhor. Diz que é uma irregularidade.
– Irregularidade? – Perguntei, surpreso. – Que tipo de irregularidade?
– Eu não sei de nada, não. Você tem que ir lá para ver. Você recebe um convite. – Disse ela, impaciente.
Estava pensando no motivo do chamado tão improvável. Ainda se eu fosse culpado de algo, vá lá, é conseqüência de um ato ilegal. Porém, até onde soubesse, sempre fui uma pessoa muito organizada e responsável, não contraindo dívidas, pagando todos os impostos e encargos em dia, trabalhando, enfim. Com certeza seria um engano incômodo e tudo se resolveria naturalmente.
Na manhã seguinte, eu teria que ir de qualquer jeito para o centro, pois era o dia de renovar o documento de Identificação Geral e, como o local não era muito distante dali, eu iria para o tal DFF em seguida.



Passei boa parte da linda manhã ensolarada na fila do Setor de Identificação da Secretaria de Registros Pessoais. Havia chegado lá às seis horas e a fila já estava formada com dezenas de pessoas. Eles começaram a atender às nove e meia, uma hora e meia depois do previsto e, às onze e quarenta e cinco eu era o terceiro da fila, mas o ritmo de atendimento havia diminuído por causa do horário de almoço. Levava comigo uma pasta com os documentos necessários e, como havia apenas tomado uma xícara de café ao sair de casa, estava com fome e o fardo se tornava mais pesado a cada minuto.
– O próximo! – Era exatamente uma hora da tarde quando chegou, finalmente, a minha vez de ser atendido. Sentei na cadeira em frente a uma mesa, onde depositei a pasta com os meus documentos, acrescentando mais papéis à mesa já abarrotada. O atendente, sem pressa, conversava com uma senhora de aparência cansada. – Quinta é feriado, eu vou emendar, não quero nem saber.
– Está certo, você está no seu direito. – Assentiu a senhora.
– Ê, vagabundagem, hein? – O funcionário da mesa ao lado gracejou.
– Quer dizer que o bonitão aí vai trabalhar na sexta? – Duvidou o homem franzino à minha frente.
– Quero só ver... – Ironizou a senhora, em pé, ao meu lado.
– É evidente que eu não vou vir trabalhar na sexta-feira! – Explicou. – Mas eu vou fazer uma coisa útil, não vou ficar coçando como vocês.
– Coisa útil? – Surpreendeu-se a mulher. – Você?
– Eu sou finalista do torneio estadual de canastra, sexta é a grande partida!
– Canastra, é? – Garagalharam os dois. – Então, boa sorte!
– Segura a onda aí pra mim, que eu vou... – Falou o futuro campeão, dispensando a pessoa que atendia e completando a mensagem com um gesto da mão em direção à boca.
– Vai fundo, vai. – Tranqüilizou-o o que estava à minha frente. Em seguida, voltou-se para a mesa, deu uns goles num copo d’água e começou a conferir os meus papéis.
– Boa tarde. – Cumprimentei, irritado.
– Boa tarde. – Respondeu o atendente, sem dirigir-me o olhar, voltando-se para a tela do computador ao lado. – Senhor Fulano de Tal... – Disse, enquanto digitava algo nos teclados, sem tirar o olhar do monitor. – Parece que temos um probleminha aqui...
– Era só o que faltava! – Exclamei, me lembrando do recado do dia anterior. – Que espécie de probleminha?
– Deu aqui que é uma irregularidade fiscal. – Disse ele, me encarando pela primeira vez, profundamente.
– Mas como assim? Que tipo de irregularidade? – Questionei, perplexo.
– Aqui não diz nada. Você tem que ir lá no Departamento Federal de Finanças conferir. – Ele me devolveu a pasta de documentos e continuou. – Enquanto o senhor não resolver isso, eu não posso fazer nada, o sistema fica bloqueado.
– Mas se eu não renovar hoje a minha identificação, aí sim vou ficar irregular! – Argumentei, sem saber o que pensar.
– O senhor já está irregular. – Observou o perspicaz atendente. – O próximo!




(T.F.Martins)